Uma das perguntas que mais recebemos na infância é "O que você quer ser quando crescer?". Me lembro claramente de tudo o que eu já respondi para essa pergunta: padeira, médica, professora, psicóloga e diplomata. Tudo era uma possibilidade até o dia que precisei marcar a opção no formulário de inscrição para o vestibular
por Marcela Brito
Os sonhos de infância dificilmente se cruzam com a parte prática quando é necessário escolher. Entretanto, mais tarde a coisa só piora, principalmente quando você entra no mercado. O meu primeiro emprego, que inclusive motivou minha saída da faculdade de comunicação social, me ensinou duas coisas: que eu não precisava terminar a faculdade de jornalismo para continuar escrevendo e que o secretariado não precisava me tornar uma secretária para resto da vida.
Foi quando comecei a refletir sobre uma dualidade comum nos dias de hoje: profissão e carreira. Eu nunca gostei da ideia de ficar presa a conceitos, opiniões, decisões e profissão. A minha profissão de base é… uma base literalmente. Ela foi meu ponto de partida. Até me engajei por muito tempo nas questões relativas à categoria quando me dei conta de que existe uma diferença muito grande entre pessoas que querem proteger sua profissão e pessoas que desejam construir uma carreira. Entenda as outras diferenças:
- Profissão é uma caixa na qual você transita fazendo aquilo que corresponde a ela unicamente. A profissão tem regulamentação, tem registro (ou não), tem sindicato, tem associação, tem conselho, tem limitações. Quando a gente descobre isso, dói na alma. Profissão imobiliza, não te deixa pensar fora de suas fronteiras.
- A expressão curriculum vitae, do latim, significa percurso de vida. É exatamente isso que a carreira é: percurso, jornada. Por isso que seu currículo deve expressar muito mais do que sua formação e experiência profissional (da sua profissão) e, sim, que tipo de pessoa você é, o que de interessante você fez. A carreira é uma construção que envolve vários aspectos da vida, desde o que você come até no que você acredita, os valores que pratica, a forma como se relaciona com as pessoas e o jeito com que faz seu trabalho.
- Pessoas presas na profissão pensam em como subir um nível a mais em sua empresa, como ganhar "aquela supervisão", como se tornar chefe de algo ou alguém, como estar por cima, como tirar vantagem de situações. Em suma, é muito parecido com o tipo de vida do trabalhador classe média da década de 70.
- Pessoas dispostas a construir uma carreira pouco se importam com níveis hierárquicos e sabem que seu poder de influência e liderança independe de cargos ou titulações. Constroem relações saudáveis e estão em busca de aprimorar novos conhecimentos e competências porque sabem que o mercado é um grande tabuleiro e as regras do jogo mudam num piscar de olhos. Sabem que podem fazer um trabalho com qualidade e gerar resultados em pouco tempo e quando cumprem sua tarefa em uma empresa, facilmente partem para novos desafios.
Não importa o que você esteja fazendo agora, o quanto gosta do seu trabalho ou o quanto reza todos os dias por um emprego dos sonhos. A única mudança verdadeiramente significativa vai acontecer quando você iniciar um trabalho profundo de planejar os próximos passos neste caminho quando perceber que nesta terra de profissões, quem alcança os níveis de satisfação e felicidade, com base na teoria do Prof. Tal Ben-Shahar (Harvard University), são aqueles que vivem aproveitando cada etapa de sua jornada (vida e trabalho).
Porque eles entenderam que a carreira é tudo o que você faz com objetivo e que alcança outras pessoas ao seu redor. Não acaba na graduação, não acaba no curso de inglês, não acaba no mestrado, não acaba no doutorado e nem vai acabar no pós-doutorado. E não é preciso ter chegado lá pra te dizer isso. Simplesmente só vai acabar quando você morre. A diferença é que quem coleciona certificações e títulos para si vive igualmente para si e corre o risco de morrer para sempre quando partir daqui. Quem vive por uma profissão não deixa legado, não deixa memória.
*Marcela Brito é Mentora de Carreiras e Marcas Pessoais Globais. É co-founder e sócia da Iventys Educação Corporativa. Líder das Formações em Mentoria da Global Mentoring Group na América Latina. Mestre em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal de Brasília, Especialista em Gestão de Negócios pela Uninter e Estrategista em Personal Branding pela Personal Branding Academy. Desde 2009 edita o blog www.marcelabrito.com, é gestora de conteúdo do Projeto Moyoeno Lusofonando e autora de livros sobre carreira e interculturalidade. Em 2020 foi eleita Mentora do Ano pela Global Mentoring Group e lançou o Podcast Trilhas. É casada há 9 anos com Victor Brito e mãe de Elisa, de 8 anos.
Os sonhos de infância dificilmente se cruzam com a parte prática quando é necessário escolher. Entretanto, mais tarde a coisa só piora, principalmente quando você entra no mercado. O meu primeiro emprego, que inclusive motivou minha saída da faculdade de comunicação social, me ensinou duas coisas: que eu não precisava terminar a faculdade de jornalismo para continuar escrevendo e que o secretariado não precisava me tornar uma secretária para resto da vida.
Foi quando comecei a refletir sobre uma dualidade comum nos dias de hoje: profissão e carreira. Eu nunca gostei da ideia de ficar presa a conceitos, opiniões, decisões e profissão. A minha profissão de base é… uma base literalmente. Ela foi meu ponto de partida. Até me engajei por muito tempo nas questões relativas à categoria quando me dei conta de que existe uma diferença muito grande entre pessoas que querem proteger sua profissão e pessoas que desejam construir uma carreira. Entenda as outras diferenças:
- Profissão é uma caixa na qual você transita fazendo aquilo que corresponde a ela unicamente. A profissão tem regulamentação, tem registro (ou não), tem sindicato, tem associação, tem conselho, tem limitações. Quando a gente descobre isso, dói na alma. Profissão imobiliza, não te deixa pensar fora de suas fronteiras.
- A expressão curriculum vitae, do latim, significa percurso de vida. É exatamente isso que a carreira é: percurso, jornada. Por isso que seu currículo deve expressar muito mais do que sua formação e experiência profissional (da sua profissão) e, sim, que tipo de pessoa você é, o que de interessante você fez. A carreira é uma construção que envolve vários aspectos da vida, desde o que você come até no que você acredita, os valores que pratica, a forma como se relaciona com as pessoas e o jeito com que faz seu trabalho.
- Pessoas presas na profissão pensam em como subir um nível a mais em sua empresa, como ganhar "aquela supervisão", como se tornar chefe de algo ou alguém, como estar por cima, como tirar vantagem de situações. Em suma, é muito parecido com o tipo de vida do trabalhador classe média da década de 70.
- Pessoas dispostas a construir uma carreira pouco se importam com níveis hierárquicos e sabem que seu poder de influência e liderança independe de cargos ou titulações. Constroem relações saudáveis e estão em busca de aprimorar novos conhecimentos e competências porque sabem que o mercado é um grande tabuleiro e as regras do jogo mudam num piscar de olhos. Sabem que podem fazer um trabalho com qualidade e gerar resultados em pouco tempo e quando cumprem sua tarefa em uma empresa, facilmente partem para novos desafios.
Não importa o que você esteja fazendo agora, o quanto gosta do seu trabalho ou o quanto reza todos os dias por um emprego dos sonhos. A única mudança verdadeiramente significativa vai acontecer quando você iniciar um trabalho profundo de planejar os próximos passos neste caminho quando perceber que nesta terra de profissões, quem alcança os níveis de satisfação e felicidade, com base na teoria do Prof. Tal Ben-Shahar (Harvard University), são aqueles que vivem aproveitando cada etapa de sua jornada (vida e trabalho).
Porque eles entenderam que a carreira é tudo o que você faz com objetivo e que alcança outras pessoas ao seu redor. Não acaba na graduação, não acaba no curso de inglês, não acaba no mestrado, não acaba no doutorado e nem vai acabar no pós-doutorado. E não é preciso ter chegado lá pra te dizer isso. Simplesmente só vai acabar quando você morre. A diferença é que quem coleciona certificações e títulos para si vive igualmente para si e corre o risco de morrer para sempre quando partir daqui. Quem vive por uma profissão não deixa legado, não deixa memória.
*Marcela Brito é Mentora de Carreiras e Marcas Pessoais Globais. É co-founder e sócia da Iventys Educação Corporativa. Líder das Formações em Mentoria da Global Mentoring Group na América Latina. Mestre em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal de Brasília, Especialista em Gestão de Negócios pela Uninter e Estrategista em Personal Branding pela Personal Branding Academy. Desde 2009 edita o blog www.marcelabrito.com, é gestora de conteúdo do Projeto Moyoeno Lusofonando e autora de livros sobre carreira e interculturalidade. Em 2020 foi eleita Mentora do Ano pela Global Mentoring Group e lançou o Podcast Trilhas. É casada há 9 anos com Victor Brito e mãe de Elisa, de 8 anos.
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Bertoldo Neves