A fé que a oração proporciona pode ser associada a menores níveis de mortalidade, uso de drogas e depressão
Faz dois anos que o mundo vive dias difíceis devido à pandemia de Covid-19. São milhares de famílias enlutadas, crise financeira, negócios falidos, doenças físicas e psicossomáticas e muitos outros problemas. Por causa disso, muitas pessoas têm vivido sem esperança. Parte delas encontra na oração e na confiança em Deus a paz que precisam para continuar a jornada da vida.
Hoje, faculdades no mundo todo mantêm centros de estudos exclusivos sobre a fé. Entre elas está a Escola de Medicina de Stanford, as Universidades Duke, da Flórida, do Texas e Columbia, todas nos Estados Unidos, assim como a Universidade de Munique, na Alemanha, a de Calgary, no Canadá, e o Royal College of Psychiatrists, no Reino Unido.
Os benefícios da fé são estudados desde os anos 80 no Brasil. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atesta que a fé influencia na saúde física, mental e biológica. De acordo com os centros de pesquisas, os benefícios da oração têm embasamento científico na manutenção da saúde. Ainda de acordo com os estudos, pessoas devotas vivem mais e são mais felizes que a média da população. Após o diagnóstico de uma doença, apresentam níveis menores de estresse e menos inflamações. E as pesquisam destes centros vão além. Apontam que a esperança gerada pela fé tem poder significativo na saúde e no bem-estar, associadas a menores níveis de mortalidade, uso de drogas, depressão, entre outros.
A fé e a psicologia
A psicóloga clínica Nayla Jeske é estudante de neuropsicologia e afirma que o bem-estar espiritual é reconhecido desde a década de 1970 como uma dimensão importante para o equilíbrio do ser. “Estudos da ciência apresentam que a oração atua em uma região do nosso cérebro, chamado sistema límbico, especificamente na região mesolímbica, que tem função de liberar substâncias muito importantes, que causam um sentimento de pertencimento, melhora a autoestima e proporciona bem-estar”, explica a psicóloga.
Nayla ainda ressalta que estudos na área da psicologia e da ciência apresentam efeitos positivos da oração no âmbito da vida emocional e psicológica das pessoas em geral, principalmente dos cristãos, que através do relacionamento com Deus também afirmam manter uma boa saúde mental. “Diante disso, a prática da espiritualidade pode ser usada como recurso terapêutico e estratégia de enfrentamento e o resultado contém a produção de comportamentos e sentimentos como a esperança, o amor e a fé, o que pode oferecer significado para a vida”, esclarece.
Projeto de Oração
Para incentivar uma vida de esperança nas pessoas, a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Brasília e Entorno realiza, dos dias 10 a 19 de fevereiro, um movimento de oração. Durante esse período, adventistas de toda a América do Sul mudam sua rotina para buscar primeiro Deus. O projeto "10 Dias de Oração e 10 Horas de Jejum" motiva a prática da oração e da comunhão com Deus nos lares.
O projeto acontece desde 2013 e é coordenado pela sede da Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países sul-americanos por meio do Ministério da Mulher. A campanha de 2022 tem o tema "Chamado à Oração".
O líder dos adventistas para Brasília e Entorno, pastor Max Schuabb, frisa que a Igreja Adventista acredita que a oração tem um papel fundamental na vida espiritual e que hoje também já se tem precedentes científicos dos benefícios da oração. “A oração tem um aspecto positivo na cura de certas doenças. Essa campanha que a Igreja faz não só visa apenas os membros, mas também serve para mostrar que a oração a Deus, independente da religião, é fundamental para a saúde espiritual, mental e física”, menciona Schuabb.
Fé e medicina
O médico urologista Fernando Carmo destaca que percebeu que na vida de seus pacientes, a fé tem papel fundamental para momentos incertos. “Quando pacientes com câncer chegam ao meu consultório, eu sempre indico os tratamentos atualizados e disponíveis na literatura médica para o entendimento do paciente. Mas somado a isso, mostro que a fé é algo que a pessoa pode desenvolver, mesmo durante esse momento incerto da vida”, relata o médico.
Apesar de não colocar a fé como um tratamento médico ou espiritual, Fernando apresenta a oração como algo complementar aos pacientes. “Para que eles depositem a fé em Deus, pedindo que a medicação faça efeito, que o médico opere de maneira correta e que a recuperação seja favorável. Para o mesmo Deus que inventou a medicina e deu às pessoas a ciência para o benefício do paciente”, diz Carmo.
Um dos pacientes de Carmo, Antônio Gontio, já passou por quatro procedimentos cirúrgicos, além de imunoterapias. Para ele, a fé o tem sustentado. “Apesar de ter passado por vários momentos difíceis da minha vida, como doenças graves, busco em Deus força para enfrentar e atravessar os momentos de angústia e dor. Entro no centro cirúrgico em oração, pois tenho fé de que vou sair de lá vitorioso”, argumenta.
Ducinéia Evangelista é uma das participantes do projeto de oração organizado pela Igreja. Ela acredita que é prova viva de orações atendidas. Dias atrás, Dulce, como é carinhosamente chamada, começou a sentir fortes dores e imediatamente foi conduzida ao hospital. Foi constatado que ela tinha 48 pedras na vesícula. Foram nove dias de internação, sendo quatro deles na UTI. “Fiquei com medo de morrer e pedi a Deus para me dar mais uma chance. Ele me deu! Sou um milagre vivo. Eu fui bem cuidada no hospital, os médicos me trataram super bem. Me senti amparada por Deus, tive vários encontros com Ele. Eu via, através do cuidado dos profissionais, os cuidados do próprio Deus”, conta, emocionada.
O projeto
Neste ano, o projeto “10 Dias de Oração e 10 Horas de Jejum” termina no dia 19 de fevereiro, quando os adventistas são incentivados e motivados a terem uma vida de oração e por meio de intercessões por amigos, ajudá-los nas suas mais diferentes necessidades.