Tela: Lorna Naparrula Fencer (1920 - 2006), Batata Doce Australiana, 1999, tinta acrílica sobre tela.
Obras de artistas aborígenes australianos consagrados podem ser apreciadas no espaço a Gente Faz Arte, a partir de 25 de maio
As peças contam com linguagem moderna e contemporânea e técnicas diversas, tais como pinturas, esculturas, litografia e bark paintings (pintura sobre entrecasca de eucalipto), típica do norte tropical da Austrália, que constitui uma das expressões artísticas mais antigas do mundo, com mais de 40 mil anos. Compõem o acervo obras da Coo-ee Art Gallery, a galeria mais antiga e respeitada em arte aborígene da Oceania. “Essa coleção é um presente à população de Uberlândia. Em um acervo de mais de 2 mil obras, selecionamos aquelas mais significativas. Os artistas que participam dessa exposição já tiveram suas obras publicadas em inúmeros catálogos de arte, citados em teses de doutorado e participaram de várias exposições na Austrália e internacionalmente na Europa e América do Norte”, conta o mineiro e curador internacional Clay D´Paula, de Patrocínio, e hoje radicado em Brasília e que também vive em Sidney, Austrália. Ele assina a curadoria da mostra ao lado dos australianos Adrian Newstead e Djon Mundine.
O coordenador de Marketing, Yan Marques disse que o Shopping é um espaço vivo, onde a cultura e a arte são elementos fundamentais. “Queremos ser um ponto de encontro para os amantes da cultura, um espaço onde as diferenças se dissipem e a arte nos una. Acreditamos que ao promover a arte e a cultura estamos construindo uma comunidade mais rica e inclusiva”, afirma.
O Tempo dos Sonhos - Os artistas aborígenes pintam os seus sonhos (mas não a ideia Junguiana de sonhar e sua associação com o inconsciente). Para eles, pintar o seu “sonhar” (dreaming, em inglês) implica recontar histórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las a futuras gerações. Essas pinturas contêm informações vitais, como, por exemplo, onde encontrar “água viva” permanente. Manter o “sonhar” vivo é a motivação fundamental para a prática dos artistas indígenas da Austrália.
Bark paintings – Destaques dessa exposição, inicialmente, as bark paintings tinham uma pobreza estética muito grande porque não foram criadas para durar, mas sim para cerimônias ou decoração. Hoje, elas trazem uma execução primorosa, sendo consideradas como arte, não artefato, e estão em museus renomados, além de integrarem coleções particulares em todo o mundo.
Artistas participantes - A mostra reúne os artistas aborígenes de maior projeção internacional, com uma paleta refinada e luminosa, como a do celebrado artista Rover Thomas (1926-1998), com suas paisagens de cor ocre que mudaram, com sua visão, a percepção paisagística australiana. A estética desenvolvida pelos artistas lembra o minimalismo e o expressionismo. No entanto, as obras criadas por eles trazem uma linguagem visual única, lembrando que os artistas indígenas da Austrália, na sua grande maioria, não tiveram contato algum com a arte europeia.
A grande estrela da exposição é Emily Kame Kngwarray (1910-1996). Mulher, negra, que começou a pintar aos 79 anos de idade. Considerada pela crítica uma das maiores pintoras expressionistas do século XX e, mesmo sem nunca ter tido acesso a qualquer expressão da arte ocidental, já foi comparada a Pollock e Monet. Emily tornou-se a artista mais querida da Austrália representando o país na Bienal de Veneza e outros eventos de arte internacional. Em 2025, Emily receberá uma exposição solo em um dos museus mais celebrados do planeta, o Tate Modern de Londres, Inglaterra.
Serviço:
Quando: 25 de maio a
23 de junho 2024
Horário de visitação: segunda à sexta –
16h às 22h, e aos sábados, domingos e feriados – 13h às 20h.
Onde: Espaço a Gente Faz Arte -
Uberlândia Shopping (piso 2, ao lado do Café do Ponto)