Análise dos efeitos da administração Trump 2.0 nas relações entre Brasil e EUA

          

Foto: divulgação



 

O Brazil-Florida Business Council (BFBC) promoveu na noite desta quarta-feira (06/11), uma discussão aprofundada sobre as possíveis implicações econômicas e geopolíticas da reeleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, trazendo à tona os desafios e oportunidades que esta nova administração representa para o Brasil. O evento virtual contou com a participação de renomados especialistas, como o economista Otaviano Canuto e John Welch, que ofereceram perspectivas detalhadas sobre o futuro das relações entre as duas potências.

 

Durante o encontro, o professor Otaviano Canuto apresentou uma análise das possíveis medidas que Trump poderia adotar em áreas críticas, como tarifas comerciais, política fiscal e tributária, além de questões energéticas e de imigração. Segundo Canuto, Trump já sinalizou uma abordagem mais agressiva nas tarifas comerciais, com propostas de elevar tarifas para produtos chineses e até outras importações. Essa postura pode impactar o Brasil indiretamente, pois tarifas contra a China e outras nações emergentes muitas vezes redirecionam fluxos comerciais e afetam cadeias de valor globais que incluem produtos brasileiros.

 

Outro ponto levantado por Canuto diz respeito à política fiscal e tributária. Ele destacou que Trump tende a manter e expandir os cortes tributários aprovados anteriormente, o que pode elevar o déficit fiscal americano, impulsionando as taxas de juros. Tal aumento dos juros, segundo Canuto, poderia ter repercussões para o Brasil, elevando a pressão sobre o câmbio e complicando o ambiente econômico para mercados emergentes.  “É provável que a gente assista a um longo período de taxas de juros reais mais altas no Brasil. Não apenas porque as novas tarifas vão ter um efeito inflacionário, mas também porque os déficits americanos maiores vão levar a uma pressão por elevação dos juros”, explicou Canuto

 

Na sequência, John Welch, economista e professor na Flórida, compartilhou reflexões sobre a complexidade de implementar as propostas tarifárias de Trump. Ao lado de Otaviano, eles explicaram que, embora o presidente possua algumas ferramentas legislativas para adotar medidas protecionistas, o apoio bipartidário no Congresso é limitado, o que pode dificultar a implementação de tarifas amplas e sustentadas. Contudo, mesmo que temporárias, essas ações podem prejudicar indústrias e setores específicos, incluindo o setor de aço no Brasil.

 

Os economistas ainda trouxeram o possível impacto das políticas de imigração restritivas de Trump. Conforme observado na discussão, uma desaceleração no fluxo migratório pode dificultar a expansão do mercado de trabalho americano, o que, paradoxalmente, limita o crescimento econômico dos EUA.

 

Conclusões e Expectativas

 

A presidente do BFBC, Sueli Bonaparte, encerrou o evento reiterando a importância de promover diálogos como este, que trazem clareza e informação para o setor empresarial sobre como o cenário político americano pode afetar o Brasil. Ela enfatizou a necessidade de que os brasileiros acompanhem de perto as políticas de Trump para avaliar possíveis riscos e oportunidades, principalmente em um momento de mudanças complexas nas relações internacionais.

 

“O evento do BFBC demonstra que, mesmo em um contexto de possíveis tensões, é essencial que o Brasil busque manter uma postura construtiva com os Estados Unidos, explorando áreas de cooperação mútua enquanto se adapta às novas dinâmicas globais”, reiterou Sueli.

 

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