Projeto social Pacto pela Alfabetização busca reverter esse cenário com práticas pedagógicas baseadas em ações voltadas para essa aprendizagem na idade certa
No Brasil, apenas 56% das crianças conseguem concluir o 2º ano do ensino fundamental com a alfabetização consolidada, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Esse índice revela uma realidade preocupante: quase metade das crianças enfrenta dificuldades para adquirir habilidades essenciais de leitura e escrita dentro do prazo esperado.
A alfabetização na idade certa é um passo importante para o desenvolvimento educacional e social das crianças, e necessário para a continuidade dos estudos. Contudo, os dados mostram que o país ainda está distante de oferecer condições iguais de aprendizado, o que perpetua desigualdades e limita as oportunidades de milhões de alunos.
Iniciativas sociais como o Pacto pela Alfabetização vêm se destacando como alternativas eficazes para enfrentar essa crise educacional. O programa, sem fins lucrativos, trabalha com três pilares principais: a adoção de práticas pedagógicas baseadas em evidências científicas, o acompanhamento contínuo da aprendizagem por meio de indicadores de desempenho e a mobilização da comunidade escolar, incluindo famílias, professores e gestores.
Jaqueline Machado, diretora executiva do Instituto Raiar, organização sem fins lucrativos que apoia a implementação do Pacto nos municípios brasileiros, avalia que: “num cenário em que mais de 40% das crianças não sabem ler no momento ideal, precisamos tratar a alfabetização como prioridade absoluta. Garantir que todas as crianças aprendam na idade certa não é apenas uma meta educacional, é um compromisso moral com o futuro do país”.
Mobilização para resultados concretos
“Trabalhamos para apoiar redes de ensino na construção de políticas públicas eficientes, oferecendo formação para professores, ferramentas de gestão pedagógica e uma visão integrada que envolve a participação ativa de toda a comunidade. Esse engajamento conjunto é o que faz a diferença na aprendizagem das crianças”, explica Jaqueline sobre o projeto.
Por meio do Pacto, escolas que adotaram o modelo passaram a monitorar regularmente o desempenho dos estudantes, identificando dificuldades precocemente e implementando intervenções rápidas e direcionadas.
Até 2024, o projeto já beneficiou mais de 30 mil crianças em oito municípios, em estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará e Distrito Federal, ampliando o alcance de suas ações. Seguindo a meta de consolidar a alfabetização até o final do 2º ano do ensino fundamental, o que garante que todas as crianças possam acessar um direito básico: aprender a ler e escrever.
Para Jaqueline, os resultados obtidos por escolas que investem na alfabetização mostram que é possível reverter o cenário nacional. “Exemplos de sucesso provam que, com compromisso e estratégias bem implementadas, é possível mudar a realidade educacional do país. Não podemos aceitar que milhões de crianças cheguem ao final do 2º ano sem saber ler. Precisamos agir com urgência para que a alfabetização na idade certa deixe de ser a exceção e se torne a regra”, conclui.