Casos de assédio no trabalho aumentam no Distrito Federal entre 2023 e 2025, aponta MPT

 


Michelle Heringer, especialista em assédio no trabalho, fala sobre dificuldades do enfrentamento e conscientização no ambiente corporativo

O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou dados que indicam um crescimento preocupante nos casos de violência e assédio em Brasília entre 2023 e 2025. Segundo os registros, denúncias contra assédio psicológico e sexual aumentaram ao longo dos anos. Em 2023, os casos de violência psicológica somaram 331 no primeiro semestre e 426 no segundo. Em 2024, os números seguiram em alta, com 435 registros nos primeiros seis meses e 445 no segundo semestre. Já em janeiro de 2025, foram contabilizados 59 novos casos. 

Nos casos de violência sexual, Brasília teve 37 registros em cada semestre de 2023. Em 2024, houve 28 ocorrências no primeiro semestre e 43 no segundo. Em janeiro de 2025, foram notificados dois novos casos.

Para a especialista em assédio no trabalho Michelle Heringer, o problema tem impacto direto na vida das vítimas, afetando tanto a saúde emocional quanto o desempenho profissional. "O assédio no trabalho é uma das formas mais graves e persistentes de violência que impactam a vida profissional, emocional e social das mulheres. O aumento no número de denúncias mostra que o problema está muito mais perto do que muitas vezes imaginamos e dentro de espaços que deveriam ser seguros e respeitosos", alerta.

O assédio pode se manifestar de diferentes formas, sendo o moral caracterizado por situações humilhantes e constrangedoras que ocorrem de forma repetitiva, causando danos à dignidade e à saúde da vítima. Já o assédio sexual envolve abordagens, gestos ou pedidos de favores sexuais que colocam a vítima em situação de desconforto e medo. Além do impacto psicológico, essas práticas comprometem a produtividade e podem levar ao abandono do emprego. Muitas vítimas se sentem acuadas e temem denunciar, principalmente quando o agressor ocupa uma posição de poder.

A especialista alerta que, “O problema muitas vezes é disfarçado de "brincadeira" ou normalizado dentro das empresas, dificultando o enfrentamento e a conscientização sobre a gravidade da situação. O silêncio protege o agressor, enquanto a denúncia e a informação são essenciais para mudar essa realidade. O ambiente de trabalho deve ser um espaço de crescimento, respeito e segurança para todos, e o combate ao assédio é um passo fundamental para garantir isso”, conclui. 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem